Você fala.
A IA responde em voz.
Sem demora.
Sem digitar.
Sem fricção.
Nas últimas semanas, usei isso em situações onde escrever seria impossível:
dirigindo,
caminhando,
lavando louça,
na academia,
entre um compromisso e outro.
E funciona.
Funciona de um jeito que ainda parece um pouco mágico.
Você pensa enquanto vive.
E o pensamento flui.
Até que, nesta semana, eu percebi o limite dessa magia.
1. O que o modo conversa faz brilhantemente bem
A conversa em voz serve para uma coisa muito específica:
→ Destravar pensamento em tempo real.
É ideal para:
testar hipóteses na hora (“e se eu fizer X? e se eu mudar Y?”);
organizar ideias rapidamente;
explorar caminhos sem abrir editor;
verbalizar o que está nebuloso;
ganhar velocidade quando a mente está pesada.
É uma ferramenta de movimento.
Mas movimento não é clareza.
E foi aqui que eu errei.
2. A ilusão de clareza que quase me fez tomar uma decisão ruim
Semana passada, eu estava estruturando uma parte importante de um projeto novo.
Comecei pelo modo conversa.
Fluiu.
Parecia tudo no lugar.
Parecia que eu tinha finalmente resolvido um ponto que estava travado.
Só que, quando parei para transformar aquilo em algo concreto… a “clareza” evaporou.
O que parecia sólido na hora:
não tinha conexão,
tinha buracos lógicos,
tinha decisões apressadas,
e partes inteiras do raciocínio simplesmente não existiam fora da conversa.
A clareza era real na sensação, mas falsa na estrutura.
E isso teria me levado para um caminho errado se eu tivesse parado ali.
3. O validador em texto fez exatamente o oposto — e é isso que salva
Depois da conversa, abri o chat escrito e falei:
“Vou trazer o que saiu da conversa em voz.
Seu papel é criticar, desmontar, reorganizar e deixar isso sólido.”
Aconteceu o que sempre acontece quando faço isso:
buracos ficaram explícitos,
premissas erradas apareceram,
o raciocínio foi reorganizado,
o que parecia “boa ideia” virou espuma,
e a tese correta finalmente apareceu.
O modo conversa acelera.
O validador aprofundar.
Os dois são complementares.
4. O fluxo real (e prático) que mudou meu trabalho com IA
Nada filosófico.
Nada metafórico.
A versão que realmente funciona no dia a dia é essa:
1. MODO CONVERSA — para destravar rapidamente
Use quando você está:
andando, dirigindo, cozinhando, treinando;
testando ideias;
explorando possíveis caminhos;
tentando destravar um ponto.
É a ferramenta da velocidade.
2. MODO VALIDADOR (TEXTO) — para descobrir o que é verdade
Aqui você pega o que surgiu na conversa e pede:
crítica,
rigor,
estrutura,
clareza,
identificação da tese real,
eliminação do que não se sustenta.
É a ferramenta da precisão.
3. MODO EXECUÇÃO — para transformar em algo real
Execução não é conversa.
Execução não é pensar.
Execução é construção.
É onde eu:
abro o Lovable e transformo o fluxo em interface real,
abro o Supabase e crio tabelas, enums, triggers, políticas,
escrevo a versão final no Beehiiv,
monto automações no Apps Script,
materializo o raciocínio em algo que existe no mundo.
Execução revela detalhes que nem a conversa nem o validador mostram.
É onde a verdade final aparece.
5. O que isso muda (não só para mim, mas para qualquer pessoa criando com IA)
A conversa em voz cria movimento.
O validador cria clareza.
A execução cria realidade.
Se você usa só o modo conversa:
vai sentir clareza, mas não vai ter clareza.
Se você usa só o validador:
vai ter rigor, mas vai travar.
Se você só executa:
vai construir sem direção.
O ciclo é:
Conversa para destravar
Validador para acertar
Execução para construir
Esse ciclo salvou minha semana.
Fecho
A conversa te dá velocidade.
O validador te dá precisão.
A execução te dá produto.
Um sem o outro te ilude.
Os três juntos constroem.
Se você já percebeu essa diferença entre “clareza na hora” e “clareza de verdade”, me conta.
Quero trazer alguns exemplos nas próximas edições.
— Lilo Chachamovits
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